Quando oramos, o brilho da vida divina brota do interior
Uma das maiores descobertas que já fiz na vida foi
saber que Deus me ama e me acolhe independentemente do que faço, pois Ele me
ama como sou. Neste caso, se eu rezo ou não rezo, Ele continua amando-me com a
mesma intensidade. No mundo existem milhões de pessoas que nunca oraram e, no
entanto, não deixam de viver. Trabalham, estudam, viajam, fazem descobertas,
constroem prédios, vão à praia, ao shopping e vivem naturalmente. Daí vem a
pergunta, que já ouvi várias vezes: "Então, por que preciso rezar?".
A resposta pode ser dada de inúmeras formas, mas
acredito que a vida diz mais que as palavras. Enquanto escrevo, recordo-me de
tantos momentos nos quais, sem saber o que fazer, procurei uma direção da parte
de Deus por meio da oração e fui ajudada. Certamente você também já viveu
experiências assim e é nessas horas que percebemos o valor da oração em nossa
vida.
Padre Kentenich, autor do livro "Santidade de
todos os dias", diz que, quando oramos, além de nos assemelharmos a
Cristo, que é orante por excelência e nos aproximarmos do Pai, que nos ama em
Cristo, nos tornamos também possuidores das riquezas divinas, já que a vida dos
santos e cristãos piedosos confirma que os tesouros de Deus estão à disposição
daqueles que rezam. Na verdade, existe algo que não podemos esquecer jamais: Não
é Deus que precisa de nossas orações, mas somos nós que precisamos de Sua
graça, e esta costuma manifestar-se quando a Ele recorremos por meio da oração.
A oração também tem o poder de despertar nossos
sentidos para percebermos os presentes que Deus nos dá, mas que, por uma razão
ou outra, não conseguimos reconhecê-los. É que quando oramos o Espírito Santo
nos devolve a calma, assim temos condições de ver o outro lado da história,
tirando os olhos de nós mesmos e do problema em si. Aliás essa é uma das
maiores graças alcançadas pela oração. Já que, quando estamos com dificuldades,
naturalmente acabamos colocando o problema no centro da vida e isso nos impede
de encontrarmos solução para ele.
Já ouvi dizer que a oração é como um grito, um pedido de socorro, mesmo que seja no silêncio, pois Deus vê o coração e não deixa quem ora sem resposta. Existe até uma história que pode ilustrar essa afirmativa:
"Conta-se que um navio estando há vários
dias no mar, havia-se esgotado sua reserva de água potável. O capitão não
avistava margem alguma no horizonte e os viajantes sentiam cada vez mais
sede... Até que avistaram um barco que navegava ao seu encontro e, aos gritos,
pediram que os socorressem com água doce.
No entanto, obtiveram, também aos gritos, a
resposta: 'Ora, tirai a água do mar e bebei, não veem que é água doce?'
Experimentaram. E recolhendo a água do mar, notaram que, já havia tempo,
navegavam em água doce, no imenso estuário de um rio".
Podemos concluir que, se os tripulantes do navio
não pedissem ajuda, poderiam morrer de sede estando tão próximos da água doce.
Em nosso caso, quando não oramos, corremos o mesmo risco. Ou seja, de estarmos
bem próximos da solução, mas não conseguirmos percebê-la.
Por essa e outras razões, considero a oração como
algo importante e até diria fundamental para uma vida plena. Ela nos coloca em
sintonia com Deus e esta é a maior graça que podemos almejar como cristãos. Também
é verdade que, quando oramos, o brilho da vida divina, que está em nós, brota
do interior, como que transfigurando nosso rosto. Não sei se você já
observou que as pessoas idosas que levaram uma vida pura e agradável a Deus têm
uma aparência sobrenatural; um exemplo claro disso é o inesquecivel e saudoso
João Paulo II. Pessoas santas, independente da idade que têm, às vezes nos
parecem seres de um outro mundo. É que a oração nos transfigura e nos torna aos
poucos semelhantes Àquele a quem buscamos.
Portanto, apesar de saber que Deus nos ama e nos
acolhe independentemente se rezamos ou não, temos muitas razões para recorrer a
Ele por meio da oração.
Dijanira Silva (Missionária da Comunidade Canção Nova)
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