Formação

Como organizar a intercessão nos eventos da RCC

 

alt Os eventos na Renovação Carismática Católica são ocasiões para manifestação da glória de Deus na vida dos participantes. Neles muitas pessoas têm experimentado verdadeiros encontros pessoais com o Senhor, onde muitas conversões acontecem.

Por isso a intercessão deve ter grande relevância, afinal tudo o que se faz na RCC deve começar e terminar com a oração. Nesse sentido, a intercessão deve ser vista pelos intercessores e por todos os organizadores do evento como a principal frente de combate em favor de todos e de tudo o que acontece nos eventos. E para que sejamos vitoriosos nesta guerra, a intercessão precisa ser realizada de tal forma que os intercessores se mantenham direcionados no principal objetivo do evento, que sempre deve ser a conversão e a salvação de todos os participantes.

Os seguintes passos devem ser seguidos para organizar a intercessão nos eventos:

a) A equipe responsável pelo evento informa ao Ministério de Intercessão a data e o local do evento.

Quando um evento é programado, a coordenação do Ministério de Intercessão deve ser informada para que possa definir a equipe de intercessão que atuará nele.

Se o evento for de responsabilidade da coordenação nacional da RCC, a coordenação nacional do Ministério de Intercessão deve ser acionada, se a responsabilidade do evento for da coordenação estadual, será a coordenação estadual do Ministério de Intercessão que será acionada e assim se sucede para as demais instâncias, diocese e Grupo de Oração.

Muitas vezes quando o evento é organizado pelo Grupo de Oração, a coordenação do Grupo prefere pedir o apoio da diocese ou de outro Grupo de Oração para que seus intercessores participem do evento. Isso não está errado, no entanto, a responsabilidade de interceder no evento é dos intercessores do próprio Grupo de Oração que está organizando o encontro.

b) A coordenação do Ministério de Intercessão define os intercessores da equipe de intercessão do evento.

Quando a coordenação do Ministério de Intercessão é acionada para interceder em um evento específico, esta coordenação deve definir os intercessores para formar a equipe de intercessão. O ideal é que de posse da agenda de eventos a coordenação do Ministério de Intercessão já defina a equipe para cada evento que será realizado no ano, dessa forma, os intercessores escalados já poderão iniciar a intercessão em suas orações pessoais ou até mesmo se reunirem em alguns momentos para interceder especificamente pelo evento e por tudo o que antecede a ele.

Como já orientamos (ver Rede Nacional de Intercessão de agosto/12), o evento com duração de até dois dias deverá ter uma única equipe de intercessão que atuará durante todos os dias do evento. Se, no entanto, o evento tiver duração de três ou quatro dias, como no caso dos eventos de carnaval, pode-se definir duas equipes, porém cada uma permanecerá durante dois dias seguidos. Na mesma edição de agosto de 2012 da Rede Nacional de Intercessão disponibilizamos um roteiro para ser seguido durante a intercessão em eventos.

c) A preparação da sala da intercessão.

A equipe de organização do evento deve disponibilizar para o Ministério de Intercessão uma sala que preferencialmente seja no mesmo local onde ocorre o evento. Essa sala, como já foi orientado em edições anteriores da Rede Nacional de Intercessão, deve ser exclusiva para a intercessão, ou seja, não deve haver circulação de pessoas que não fazem parte da equipe de intercessão. Isso se deve para não atrapalhar as orações, pois é necessário que nesse local tudo colabore para gerar um clima de espiritualidade e de recolhimento. Também não é recomendado fazer atendimento de oração na sala de intercessão, essa sala é exclusiva para interceder pelo evento e não deve ser utilizada para outras finalidades que provoquem distrações.

A sala da intercessão deve ser em um local onde os participantes do evento não possam ter fácil acesso, por isso não é recomendado indicar através de faixas, cartazes ou outros meios o local onde está a intercessão.

O Santíssimo Sacramento deve ser exposto na sala da intercessão desde que não haja restrições por parte da Igreja local. Se houver restrições que não permitam ter o Santíssimo Sacramento exposto, a intercessão deverá acontecer mesmo sem o Ele. Quando for permitido é preciso preparar a sala atendendo todas as normas litúrgicas que a Igreja local definir, por isso, é importantíssimo que a coordenação do Ministério de Intercessão, bem como a equipe de intercessão que atuará no evento, saibam dessas normas para aplica-las.

A sala da intercessão deve ser um local que ofereça condições de higiene e de espaço para que a intercessão aconteça com a dignidade que este serviço merece. Nessa sala deve ter cadeiras suficientes para os intercessores, tapete e decoração que ajude a criar um clima de oração e de recolhimento, no entanto, se o Santíssimo Sacramento estiver exposto, essa decoração deverá ser mais apropriada. Essa sala deve ainda ser um local onde haja boa circulação de ar, ter boa iluminação e ser um local silencioso.

d) Capela da intercessão e capela de adoração.

Se a coordenação do evento definir que durante o evento haverá atendimento de oração individual para os participantes ou que os participantes serão incentivados a adorar o Santíssimo Sacramento durante os intervalos do evento, sugere-se a preparação de um local exclusivo para essa finalidade, uma capela para adoração em um local de fácil acesso para o público. Se o Santíssimo Sacramento for exposto, além da sala da intercessão, devem-se escalar intercessores para se revezarem nesse local. Esses intercessores não serão os mesmos que estarão escalados para a intercessão. Nessa capela de adoração poderá ser programado rodízio de intercessores conforme a coordenação do Ministério de Intercessão definir, pois aí não haverá intercessão, mas adoração. Nesse local sempre deve ter intercessores adorando o Santíssimo Sacramento para evitar que o Santíssimo fique sozinho. A responsabilidade dessa capela é da equipe de intercessores que foi escalada para aí adorar o Senhor e entre eles deve-se definir um responsável geral. São esses intercessores que deverão providenciar para que o Santíssimo seja exposto no início de cada dia do evento e recolhido ao término do evento em cada dia, além dos períodos de celebração da Santa Missa e de Adoração no palco. Se houver atendimento de oração nesse local a responsabilidade para fazer estes atendimentos será sempre do Ministério de Oração por Cura e Libertação.

e) A intercessão durante o Evento.

A intercessão deve iniciar antes ou no mesmo horário que o evento iniciar ou logo após a Santa Missa se essa for celebrada no início do evento. A sequência da intercessão a ser observada deve ser conforme as orientações recebidas nas formações para o Ministério de Intercessão. Na Rede Nacional de Intercessão do mês de agosto/12, o núcleo nacional do Ministério de Intercessão disponibilizou um roteiro para ser utilizado na intercessão em eventos.

A equipe de intercessão deverá ser composta de, no mínimo seis e no máximo doze intercessores, que deverão interceder durante os dias do evento sem revezamento. Para os intervalos de almoço, lanches ou descanso, o revezamento deverá ser entre a própria equipe, porém deve-se cuidar para que permaneçam no mínimo quatro intercessores na sala de intercessão durante o revezamento que não deve ser muito prolongado.

Devem-se evitar conversas sobre assuntos que não estejam ligados diretamente com a intercessão, ou seja, conversar na sala da intercessão somente nos momentos de discernimento de uma moção ou profecia. Durante o discernimento, alguns intercessores deverão permanecer intercedendo pelo evento, enquanto outros fazem o discernimento como foi ensinado nas formações do Ministério.

Depois de concluído o discernimento e se o mesmo se referir diretamente a alguma situação que a equipe de coordenação do evento ou o pregador devem saber, é necessário anotar e encaminhar ao responsável. É importante lembrar que a maioria das moções e profecias recebidas na intercessão são direcionamentos do Espírito Santo para a própria intercessão e, nesse caso, apenas a equipe deve estar ciente e deve procurar orar na direção que indicar a moção ou a profecia.

Núcleo Nacional do Ministério Intercessão




Intercessão: Dons e Carismas de Serviço

 

Em todo o mundo, literalmente, milhões de católicos e um grande número de cristãos de outras comunidades eclesiais já experimentaram o Batismo no Espírito Santo, com a manifestação dos carismas e dons espirituais, tanto comuns como extraordinários, que o acompanham.

No século passado, a consciência desses dons e carismas vem mais uma vez à tona na vida quotidiana da Igreja. A linguagem da Igreja tem cada vez mais incluído palavras que refletem um entendimento mais profundo dessas verdades constantes, e como usamos esses dons do Espírito para o bem comum e para a edificação do corpo. Em outras palavras, a serviço do povo de Deus.

Em cada um dos quatro Evangelhos, as palavras de São João Batista são lembradas. São João disse que Aquele que viria após ele "Vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3, 11; Mc 1, 8; Lc 3, 16; Jo 1, 33). Esta grande promessa é uma característica central dos Evangelhos. Jesus Cristo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Filho de Deus, prometeu capacitar seus seguidores de todos os tempos com o poder do Espírito Santo, a fim de viver o Evangelho e espalhar a boa nova em todo o mundo.

Como Jesus usou os dons

Um bom lugar para começar a entender o uso dos dons e carismas de serviço é ler, em oração, cada um dos quatro Evangelhos e absorver em nosso próprio ser as maneiras como Jesus, cheio do Espírito Santo, usou esse poder a serviço do povo de Deus. À medida que viramos as páginas, somos confrontados com este poder de Deus sendo usado para a glória de Deus e para a edificação do povo de Deus.

Servir e satisfazer as suas necessidades

Inspirado pelo Espírito Santo, os escritores dos Evangelhos deixaram-nos um relato completo do ministério público de Jesus. Alguns dos milagres que Cristo realizou são registrados por nós, e podem nos ensinar muito. A uma palavra de sua mãe (João 2, 3), Jesus responde a uma necessidade bem prática: o vinho terminou e Ele faz um milagre, transformando a água em um vinho muito delicioso, de modo que todos os convidados do casamento pudessem beber à saúde e ao bem-estar do casal recém-casado.

Que ato profundo de amor e serviço! Nós, em nossa sabedoria humana, poderíamos pensar a respeito dessa necessidade por mais vinho como uma questão de pouca importância quando comparada às grandes necessidades do mundo. No entanto, Cristo, em seu grande amor, deseja nos ajudar não apenas em tempos de grandes crises, mas também nos eventos comuns que ocorrem em nossa vida diária. 

Há relatos repetidos de Jesus curando doenças como a lepra, três relatos de mortos sendo ressuscitados. Os cegos, surdos, mudos, paralíticos e aflitos são curados. Os possuídos pelo demônio são libertados e a boa nova é proclamada com grande poder. Tudo isto é feito com amor e para a glória de Deus Pai.
Em João 11, Jesus nos diz que a ressurreição de Lázaro é para a glória de Deus. "Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus”. João 11, 4.
Jesus, em Seu grande amor, nos promete o Espírito Santo para que possamos ser usados por Deus para a Sua glória e para amar e cuidar de Seus filhos. Jesus nos diz: "Não vos deixarei órfãos” (Jo 14, 18). Em Jo 16, 7, Ele nos diz que nos enviará o Paráclito.

Como os apóstolos usaram os dons

Quando saímos dos Evangelhos para os Atos dos Apóstolos, vemos o cumprimento desta promessa com os Apóstolos e discípulos manifestando as obras que Jesus fez. Curando os enfermos, libertado os possuídos pelo demônio, ressuscitando os mortos, proclamando o Evangelho com poder, tudo sendo feito com amor, a serviço de Deus e para a glória de Deus. Na primeira cura milagrosa registrada em Atos, Capítulo 3, São Pedro não direciona a glória para si mesmo, mas aponta para Jesus. Atos 3, 12 diz: "Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fitais os olhos em nós,  como se por nossa própria virtude ou piedade tivéssemos feito este homem andar?  ... Em virtude da fé em Seu nome foi que esse mesmo nome consolidou este homem, que vedes e conheceis”.

Não admira que a Santa Madre Igreja, a cada ano, no seu calendário litúrgico, faz-nos refletir sobre os Atos dos Apóstolos entre a Páscoa e Pentecostes. Quando ouvimos estas palavras novamente sendo proclamadas na celebração da Eucaristia, ouvimos como os apóstolos usaram os carismas que receberam em Pentecostes.

Nós também somos exortados a utilizá-los da mesma forma como fizeram, imitando-os como eles imitaram Jesus Cristo. Em I Cor 11, 1, São Paulo diz:  “Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo”.  Em I Cor 13, uma das passagens mais conhecidas das Escrituras, somos lembrados de que todos estes carismas devem ser usados com amor, a serviço do povo de Deus. Caso contrário, seremos apenas como um címbalo que retine e um obstáculo ao Evangelho. Se usados para a nossa própria glória, Deus não pode abençoar-nos. Embora, por amor ao Seu povo Ele escolha curar através de nós, o julgamento será severo.
Basta olhar para Atos 8, onde Simão, o mago, deseja comprar o poder do Espírito Santo. As palavras de São Pedro ressoam em nossos ouvidos. "Maldito seja o teu dinheiro e tu também, se julgas poder comprar o dom de Deus com dinheiro!" (Atos 8, 20).
Simão, o mago, terminou como um herege gnóstico. Até este dia, o pecado de Simão tem o seu nome.

Como devemos usar os dons
No Catecismo da Igreja Católica, o № 2003 conclui: “Seja qual for o seu caráter, às vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas se ordenam à graça santificante, e tem como meta o bem comum da Igreja. Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja”.

Devemos, portanto, estar sempre conscientes de nossas próprias motivações pessoais quando buscamos ser usados por Deus no uso desses dons e carismas. Cada um de nós está sujeito à nossa natureza caída, à nossa concupiscência. Há o perigo do orgulho e do auto-engrandecimento quando somos usados por Deus, portanto devemos, como os Apóstolos, concentrar os nossos agradecimentos a Deus e dar a Ele a glória. Somos vulneráveis à sedução de orgulho; por isso, é de vital importância permanecermos humildes de coração e mente, mas alegrando-nos pelo fato de que Deus, em Seu amor e misericórdia por seus filhos, voluntariamente nos usa para curar os doentes, encorajar os desanimados, proclamar o evangelho, libertar os cativos e fazer as obras de Deus.

Lembro-me dos bons conselhos que o sacerdote de nossa missão na África Ocidental nos deu.
Durante a missa de abertura, ele lembrou a todos nós de nossa equipe que éramos inúteis e que precisávamos manter os nossos olhos fixos em Jesus. Nós veríamos o poder de Deus se manifestando e deveríamos nos manter perto de Jesus. Fui enviado antes da equipe principal para preparar o caminho com outro irmão em Cristo. Chegamos e descobrimos que deveríamos falar para uma multidão de mais de 5000 pessoas naquela noite.

Após as palestras, a dança e os mini dramas, fomos convidados para ministrar ao povo. Havia pais segurando crianças doentes, implorando pela mão curadora de Jesus.  Em pânico, senti-me totalmente inútil. (Eu era inútil). Esqueci totalmente a instrução que eu havia ouvido naquela manhã. "Mantenha seus olhos em Jesus." Fugi da multidão e quando estava sozinho em meu quarto, falando com Jesus, confessei a minha falta de confiança Nele. Eu estraguei tudo, Senhor! Sim, meu filho, mas vou dar-lhe muitas outras oportunidades. Foi uma lição aprendida, mas ela me ajudou a lembrar que eu sou apenas um pequeno instrumento nas mãos de Deus e que Ele pode me usar da maneira que desejar. Tudo para glória de Deus e a serviço do amor ao Seu povo, quando ou onde quer que Ele escolha. “Empenhai-vos em procurar a caridade. Aspirai igualmente aos dons espirituais”. I Cor 14, 1

Concluindo, embora percebamos nossa fraqueza e fragilidade e nossa tendência ao pecado, não devemos rejeitar os dons, mas abraçá-los com alegria, sabendo que a graça de Deus está lá para nos purificar no uso de Seus dons. Em Romanos 12, 6-8, Paulo nos instrui:
"Temos dons diferentes, conforme a graça que nos foi conferida. Aquele que tem o dom da profecia, exerça-o conforme a fé. Aquele que é chamado ao ministério, dedique-se ao ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine; o dom de exortar, que exorte; aquele que distribui as esmolas, faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo; aquele que exerce a misericórdia, que o faça com afabilidade”.

 Peter Thompson

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